segunda-feira, 18 de maio de 2015




My Tapestry Girls

Acabei de ler "A Dama e o Unicórnio" da Tracy Chevallier, e adorei!

Eu sempre fui fascinada por esse conjunto de tapeçarias, e quando vi que tinha um romance histórico que rolava durante a manufatura delas, não pensei duas vezes: Tinha que ler!!!

O livro conta como um nobre francês resolveu mandar fazer 6 das mais famosas tapeçarias góticas da história (A Dama e Unicórnio), sendo narrado, em primeira pessoa, pelos personagens envolvidos no processo de tecelagem delas. Cada uma das tapeçarias tem uma dama e um unicornio de um lado e um leão do outro, representando os 5 sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato), sendo que a sexta é chamada apenas de "À mon seul désir", pois é a frase que está escrita nela. E todas foram feitas usando a tecnica de milleflours, que são essas florzinhas pequenas no fundo, que era muito popular na época.


The Ladies

No livro, 4 das 6 tapeçarias são retratos das personagens femininas envolvidas, Claude le Viste, Geneviève de Nanterre, Christine du Sublon e Aliénor de la Chapelle. 

Está primeira tapeçaria "À mon seul désir", no livro, representa a esposa de Jean le Viste, Geneviève de Nanterre. 



Genèvieve é a esposa de Jean le Viste, que deseja entrar pra um convento, mas não pode por causa de seu marido. No livro, é ela quem escolhe o tema de unicórnios para as tapeçarias.

À mon seul désir

Essa é a que representa o paladar, entre os 5 sentidos simbolizados nestas, e segundo o livro, seria Claude le Viste.



Claude le Viste é a filha mais velha de Jean le Viste, o nobre que mandou fazer as pinturas que servirão de base. Ela se apaixona por Nicolas des Innocents, o pintor que faz a pintura inicial das tapeçarias. Mas é um amor proibido, pois Claude é nobre e está destinada a um casamento politico para aumentar o prestigio de seu pai junto ao rei. Ela também é a herdeira das tapeçarias.

Tato

A visão representa Aliénor de la Chapelle, uma jovem cega, filha do tecelão que está fazendo as tapeçarias.



Aliénor é dada em casamento sem saber a um homem que não suporta, e Nicolas, o pintor, guardará o segredo ao mesmo tempo que quer ajuda-la a se livrar do casamento.

Visão

O tato é inspirado em Christine du Sablon, a esposa do tecelão e mãe de Aliénor.


Christine é uma mulher de temperamento forte, que sonha em poder tecer as tapeçarias do atellier mesmo sendo contra a lei por ser mulher.

Tato

Olfato e Audição não tem um personagem especifico, mas são igualmente lindas!

A audição à esquerda e o olfato à direita

As tapeçarias foram desenhadas em Paris, mas feitas em Bruxelas, encomendadas por um nobre da familia Le Viste, provavelmente Jean, que era o único que tinha direito a usar o brasão da familia, na corte de Luis XI Carlos VIII da França.

Clique na imagem abaixo para ver as 6 tapeçarias de A Dama e o Unicornio ;)



Outro livro com o mesmo tema que acabei de ler é "O Sétimo Unicornio" da Kelly Jones.

Diferente do primeiro livro, O Sétimo Unicornio se passa nos dias de hoje, com a curadora do museu aonde estão as tapeçarias descobrindo dentro de um livro do Convento de Lyon, um rascunho da arte e um poema que mostra indícios de que as tapeçarias não era seis, mas sete no total. E, no maior clima estilo "Código da Vinci", ela irá se aprofundar no tema para descobrir se essa tapeçaria existe mesmo e aonde ela pode estar. Intrigante, não?

Mas o livro não é totalmente contemporâneo não, o prologo e o epílogo se passam no final do seculo XV, mostrando um pouco da vida da artista e do tecelão que criaram as tapeçarias.

Assim como em "A Dama e o Unicórnio", esse livro também usa as tapeçarias como representação de alguns personagens. 4 das damas são representações das filhas de Jean le Viste, o nobre que encomendou as tapeçarias. Sendo assim, Claude é a moça da tapeçaria da Audição, Jeanne da visão, Geneviève do paladar, e Adèle (a filha fictícia e artista que desenhou as tapeçarias) apareceria nas outras, representando seu estado de espirito e contando um pouco de sua história.

O livro é um deleite para os amantes de arte, não só por mencionar diversas obras de arte, mas também explicar a simbologia do unicórnio dentro da história da arte, assim como por nos pôr na pele do artista enquanto se inspira e pinta seus proprios quadros com unicórnios.

Algumas das obras citadas no livro:
à esquerda: Dama com Unicórnio (Rafael Sanzio);
no centro: Caça ao Unicórnio (da série de tapeçarias azuis do Cloister);
e à direita: O Unicórinio (Gustave Moreau).  

Super recomendado a quem gosta de arte!


c. 1490-1500