segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Solstício de Inverno




Celebrando a Saturnália!

Estamos em pleno Solstício (dia 21 de dezembro) e no hemisfério norte, na Roma Antiga, era comemorada a Saturnália. Um festival em honra ao deus Saturno. Para quem não sabe, o Solstício de Inverno é o dia mais curto do ano, aonde o sol está mais distante da terra. Assim como o Solstício de Versão é o dia mais longo do ano, quando o sol está mais próximo. No hemisfério norte, hoje é Solstício de Inverno, mas no sul, é de Verão. 

Mas vamos à Saturnália!

"Ave, Caesar! Io, Saturnalia!", quadro de Sir Lawrence Alma-Tadema, 1880.


Momento Wikipédia:

A Saturnália era um festival romano em honra ao deus Saturno que ocorria no mês de dezembro, no solstício de inverno (era celebrada no dia 17 de dezembro, mas ao longo dos tempos foi alargada à semana completa, terminando a 25 de dezembro). As Saturnálias tinham início com grandes banquetes e sacrifícios; os participantes tinham o hábito de saudar-se com 'io Saturnalia', acompanhado por doações simbólicas. Durante estes festejamentos subvertia-se a ordem social: os escravos se comportavam temporariamente como homens livres; elegia-se, à sorte, um "princeps" - uma espécie de caricatura da classe nobre - a quem se entregava todo o poder. Na verdade a conotação religiosa da festa prevalecia sobre aquela social e de "classe". O "princeps" vinha geralmente vestido com uma máscara engraçada e com cores chamativas, dentre as quais prevalecia o vermelho (a cor dos deuses).

Segundo Pierre Grimal, Saturno é um deus itálico e seu culto foi importado da Grécia para Roma, como ocorreu com diversos outros deuses. Ele teria sido expulso do monte Olimpo por Zeus e se instalado no Capitólio, onde fundou um povo chamado Saturnia. Acredita-se também que foi acolhido por Jano, igualmente oriundo da Grécia. Seu reinado na região do Lácio ficou conhecido como a "Idade do Ouro", pela paz e prosperidade alcançadas. Segundo os relatos lendários, nesse período Saturno teria continuado a obra civilizadora de Jano e ensinou à população a prática da agricultura.

No livro "A Filha de Isis" da trilogia "As Memórias de Cleopatra" da Margaret George, Cleo (sim, sou íntima dela!) conheceu a Saturnália e conta um pouco como era a festa.

Quote de Filha de Isis - trilogia As Memórias de Cleopatra


Esse livro tem uma boa parte em que se passa em Roma, pois Cleo viveu 3 anos lá. E nos mostra muito da cultura romana da época, e o contraste com a sofisticada cultura egípcia helenistica.

A trilogia ganhou uma adaptação para tv em 1999 com Leonor Varela no papel título, Timothy Dalton como Julio Cesar e Billy Zane como Marco Antônio. No filme, o tempo que Cleo passa em Roma é bem curtinho, pois era preciso espremer 20 anos de história em apenas duas horas, então a Saturnália nem chega a aparecer, mas no livro ela aparece algumas vezes. O que é muito legal!

O filme, apesar de bom, peca em muitos clichês que foram evitados no livro. Como a exclusão dos 3 filhos que Cleopatra teve com Marco Antônio e a história dela ter mandado dizer ao marido que havia morrido quando se viu encurralada, o que o levou à morte. 

Billy Zane, Leonor Varela e Timothy Dalton


Já nos livros, Margaret fez um extenso trabalho de pesquisa, viajando e pesquisando por 3 anos para conseguir seguir todos os passos da rainha mais famosa da história. A trilogia é uma verdadeira aula de história!

Leonor Varela como Cleopatra


Mas não vamos fugir do foco. Porque hoje é Solstício de Inverno e estamos falando da Saturnália! Olha um trecho em que ela está em pleno festival, com seu irmão Ptolomeu e o futuro imperador de Roma Otávio Augusto Cesar:

"Majestade - ele disse, inclinando -se - Mas não, não pode ser Cleopatra durante a Saturnália. Tem que ser outra pessoa... tomar outro nome.
- Bem - eu disse - Então serei... a rainha Hatshepsut.
- Não, não, não pode ser uma rainha. Rainhas não podem ser rainhas. Tem que se tornar uma pessoa completamente diferente.
- Então serei... Charmian! - belisquei o braço de Charmian - E ela deve ser eu. E Ptolomeu, escolha alguém.
- Escolho Socrates - disse Ptolomeu, suspirando.
Otávio fez uma careta.
- Não, Socrates não! Você não quer beber cicuta, quer?
- Não. Então serei Platão.
- Que desejos sérios você tem! - exclamou Otávio - Eu desejo ser Aquiles!
- Então está possuido pelo ódio? - perguntei. Estranh que Otávio, tão comedido, quisesse ser o feroz Aquiles.
- Não, mas tento imaginar como seria ser o maior guerreiro do mundo."
"Era época da Saturnália de novo, aquela festa que celebrava a liberdade.
Agora compreendia melhor; era alguma coisa ligada a Saturno, mas por que todo mundo usava o barrete da liberdade e senhores e escravos rocavam de posição e a tga era proibida de se usar, não fazia idéia do porquê.
As pessoas podiam dizer todo tipo de coisa que normalmente era considerada imprópria, assim, esses sete dias de festa eram um banquete para os ouvidos.
As casas ficavam de portas abertas para os amigos, e os amigos vinham, passando de uma casa para outra, trocand presentes. Eram presentes curiosos, quase sempre uma coisa disfarçada de outra - velas que pareciam comida, comida que parecia jía, plantas pintadas para parecerem estátuas de pedra. Algumas das casas mais abastadas contratavam um mestre de cerimonias, um saturnalicius princeps, que dava ordesn para as pessoas representarem - cantando, dançando ou recitando poesia."

No hemisfério sul, estamos na verdade em pleno Solstício de Verão. Mas não deixa de ter um certo charme comemorarmos também o de inverno, com tantas tradições legais agregadas a ele, né?

A tradição de se comemorar esse dia com festas é milenar e pertence a muitos povos desde a antiguidade. Esse é apenas o jeito romano. Mas desde a Idade do Bronze que o Solstício de Inverno é comemorado como o dia do renascimento dos deuses solares . E para os celtas e nódicos era o Yule, ou o Meãn Geimhndh em gaulês, aonde se penduravam guirlandas e ramos de azevinho para saldar os espiritos. Essas tradições existem até hoje, mas como tradições natalinas. Então, aproveito pra desejar um feliz natal a todos!

Stonehenge


Vou também abrir um parenteses para dizer que dia 23 de dezembro é aniversário da Cleopatra VII, vamos celebrar também, pois essa grande mulher merece sempre ser lembrada!


by mara sop


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Bem vindos à Sevenwaters


Idade das Trevas, folclore irlandês, magia e Contos de Fadas



Dessa vez não vou falar muito sobre moda, mas mais sobre uma história fantástica! A saga da família de Sevenwaters da Juliet Marillier, que é uma das minhas favoritas ever!

A história se passa na Irlanda da Idade das Trevas, especificamente no século IX, quando o cristianismo já tomou conta da Europa, mas ali, naquela floresta mágica, ainda reina a antiga religião celta.

Os quatro primeiros livros da série que já foram lançados no Brasil


O primeiro livro, "Filha da Floresta", conta a história de Sorcha, a filha caçula, e única menina, dos 7 filhos de um sétimo filho. Lord Colum, o pai de Sorcha, é um grande líder, mas amargurado pela perda de seu grande amor, que morreu quando sua filha nasceu, e por isso, ele não é muito próximo dos filhos. A vida é relativamente tranquila para Sorcha, que apesar de ter apenas 12 anos, é uma hábil curandeira, muito respeitada pelo povo de Sevenwaters. Seus irmãos estão sendo treinados pra serem guerreiros, e mesmo com a constante ameaça de guerra entre irlandeses e bretões pela posse das Ilhas Sagradas, existe uma certa rotina pacífica em família. Mas tudo muda quando o pai de Sorcha se casa com uma jovem que se revela ser uma grande feiticeira. Lady Oonagh, querendo se livrar dos filhos do primeiro casamento do marido, lança um feitiço e transforma os irmãos em cisnes, e somente Sorcha consegue escapar. 

Lady Oonagh transformando os rapazes em cisnes. Arte de dunechampion


Agora, para reverter a maldição, ela precisará tecer e costurar 6 camisas de fibra de estrela d'água, uma planta cheia de espinhos que machucam suas mãos e dificultam o trabalho, sem poder emitir um único som e contar sua história pra ninguém. Após meses de difuculdades, vivendo sozinha numa caverna, a vida de Sorcha sofre um revés e ela é resgatada de se afogar por Hugh de Harrowlfield, um bretão parente dos inimigos de seu pai. E mesmo sem saber quem é essa estranha jovem que insisti em ferir a si mesma numa tarefa totalmente sem sentido, ele resolve ajuda-la e protegê-la.

A princesa e os Cisnes


A história, apesar de se passar dentro do universo celta irlandês, é uma adaptação do conto de fadas alemão "A Princesa e os Cisnes". E a adaptação é tão perfeita que é impossível não pensar que a história de Sorcha originou o conto de fadas.



O segundo livro conta a história de Liadan, filha de Sorcha, que após o casamento de sua irmã, resolve acompanhá-la em parte do caminho e acaba sequestrada pelo bando do temível Homem Pintado. A princípio ela se revolta, mas vê que está ali para salvar uma vida, e durante um curto espaço de tempo aonde cuida de um homem doente, ela acaba conhecendo melhor aqueles terríveis guerreiros tão odiados pelo povo dela. Após voltar para casa, ela recebe a missão dos Seres da Floresta, para nunca deixar Sevenwaters, mas se vê dividida entre as ordens dos seres da floresta e o seu coração, que não deixa que ela se esqueça do homem que o roubou. 

Apesar de não ser inspirada num conto de fadas, essa, assim como as histórias dos outros livros, é baseada em lendas irlandesas lindas! Muitas dessas lendas são contadas dentro do livro e estão intimamente ligadas à história dos personagens. E esse segundo livro, é considerado por muitos leitores como o melhor da série (embora o meu favorito ainda seja Filha da Floresta)!

Arte de suishou de "Manuscript of Cuchulainn"
uma das principais lendas contadas dentro do livro.


O terceiro livro conta a história da neta de Sorcha, Fainne. Uma jovem que foi criada isolada do mundo, recebendo um treinamento desde a mais tenra infância, para dominar a magia. Fainne é uma jovem de grande poder, mas sem experiência de vida, e um tanto ingênua, sendo facilmente manipulada pela feiticeira má que odeia sua família. Chantageada, ela é mandada numa missão para destruir Sevenwaters, e terá que decidir entre a vida do pai, a única família que conhece, e a de uma família que só descobriu ter agora e que não lhe significa nada senão dor, sem saber exatamente no que está se metendo.

Fainne é a personagem mais controversa. Tem horas que a amamos, outras a odiamos com todas as forças, mas é impossível não se ligar à ela, se sentir em sua pele e viver os seus dilemas!

Filha da Profecia é um livro épico, e encerra o arco da primeira trilogia com a importante Batalha pelas Ilhas.

Arte de EmberRoseArt



Herdeiro de Sevenwaters abre a segunda trilogia, escrita mais de 10 anos após o encerramento da primeira. O livro foi lançado esse ano, e os fãs brasileiros esperavam ansiosamente por ele, e olha, não decepcionou nem um pouco!

Esta é a história de outra neta de Sorcha, Clodagh, filha de Lord Sean, chefe de Sevenwaters. Após muitos anos esperando por um filho, e após 6 filhas mulheres, o casal Lord Sean e Lady Aisling finalmente esperam pelo herdeiro. Mas a gravidez é de alto risco devido à idade de Lady Aisling, então enquanto a mãe padece dessa gravidez perigosa, Clodagh assume seu lugar como dona da casa, feliz em poder cuidar de tudo tão perfeitamente exatamente como sua mãe fazia. Mas a chegada do bebê não trás riscos apenas para a vida de sua mãe, mas também desestabiliza alianças políticas com a insegurança causada pela sucessão, que antes estava definida para que seu primo Johnny herdasse Sevenwaters. É nesse contexto que ela conhece os amigos Cathal e Aidan. Mas enquanto Aidan é alegre, envolvente e tem muito em comum com ela, Cathal é puro sarcasmo, um homem muito misterioso com uma aura de perigo ao seu redor.

Após o nascimento do pequeno Finbar, o bebê é sequestrado, e trocado por um changeling, um boneco feito de galhos, mas vivo. Um bebê do outro mundo. Mas apenas Clodagh consegue ver o bebê, o resto de sua família vê apenas uma brincadeira de mal gosto. Sem conseguir convencer a família que precisa ir ao Outro Mundo para fazer a troca, ela foge com o bebê numa jornada perigosa, e só tem como companhia o misterioso Cathal, que mesmo sabendo que ela não gosta e não confia nele, jura protegê-la contra todos os perigos dos seres mágicos.

Arte de avalache-d5rpaj4


A história é simplesmente de tirar o fôlego! Linda demais!!!
Clodagh é uma dessas heroínas por quem nos apaixonamos. Doce, meiga, cheia de compaixão, mas ao mesmo tempo forte e determinada, digna de ser neta de Sorcha e sobrinha de Liadan. Realmente, Juliet Marillier não decepciona! Tudo que leio dela eu amo!!! E haja lenço pra enxugar os rios de lágrimas enquanto fazemos a viagem junto com Clodagh e Cathal. E haja ressaca literária!

Vidente de Sevenwaters (Seer of Sevenwaters), Twixt Firelight and Water (o conto)
e Chama de Sevenwaters (Flame of Sevenwaters) que ainda não foram publicados no Brasil.


Vidente de Sevenwaters e Chama de Sevenwaters ainda não foram lançados no Brasil, mas serão, provavelmente em 2016 e 2017. O conto extra, Twixt Firelight and Water (Entre as Labaredas e a Água), que se passa entre os livros 5 e 6, provavelmente não será lançado por aqui. O que é uma pena, já que ele responde perguntas importantes lançadas nos livros anteriores. Mas não custa ter esperança, né? Quem sabe a Editora Butterfly não se anima a lança-lo também! Sonhar não custa nada!!! rsrsrs

Assim como Herdeiro de Sevenwaters, os dois últimos livros também contam as histórias das filhas de Lord Sean. Vidente de Sevenwaters conta a história de Sibeal, uma garota sábia que está em treinamento para ser druidisa, mas numa viagem à ilha de Inis Eala, ela participa de um resgate a dois náufragos que muda sua vida por completo. Twixt Firelight and Water conta a história de Fiacha, o corvo que aparece a partir do livro 2 e é peça fundamental na história. E Chama de Sevenwaters é sobre Maeve, que carrega as marcas de um incêndio e passa 10 anos fora das terras de sua família, mas que agora está de volta, e prestes a desempenhar um papel chave na salvação de Sevenwaters. As 3 histórias prometem muito!!! 

Bem, já deu pra perceber o quanto eu sou fissurada nessa série, né? Mas tão fissurada que desenhei todas as mulheres da família de Sevenwaters. Mas já aviso à quem for analisar a árvore mais de perto: CONTÉM SPOILERS!

Arvore genealógica da familia de Sevenwaters até o fim do livro Chama de Sevenwaters

E para os fãs dessa série, indico também "A Dança da Floresta" e "O Segredo de Cybele", também da Juliet Marillier, mas que contam a história de outra família de irmãs e são igualmente FAN-TÁS-TI-COS! Não vejo a hora de ler outros livros dessa autora!



by mara sop


terça-feira, 24 de novembro de 2015

A face que lançou mil navios ao mar



A Mais Bela

De tempos em tempos, eu releio meus livros favoritos, especialmente quando leio algo que tenha um tema parecido. Acontece que recentemente li "A Irmandade Perdida" da Anne Fortier, (e me apaixonei completamente pelo livro só pra variar. #AnneFortierLover ) e tive uma ressaca literária tão grande que não conseguia desvecilhar da história, então resolvi reler "Helena de Tróia" da Margaret George, que também fala da Guerra de Tróia. Fazia anos que tinha lido esse livro pela última vez, e foi ótimo reler, pois não lembrava de vários detalhes da história.

Pra vocês entenderem melhor, eis um trechinho de um artigo que eu escrevi em 2009 sobre vários livros sobre Helena de Tróia. Aliás, se vocês tiverem curiosidade, basta clicar aqui. ;)


"A Helena deste romance é uma verdadeira heroína! Inteligente, sensivel, romantica e aventureira. Uma princesa que se casa com Menelau por simpatia e amizade, mas que tenta em vão se apaixonar pelo marido, até que Afrodite coloca Páris em seu caminho, o verdadeiro amor de sua vida, e por ele Helena joga tudo pro alto em busca da felicidade. Seria lindo se não fosse tragico, claro! 

A escritora segue a cronologia das lendas através das memórias de Helena, sempre colocando a perspectiva da rainha como foco principal do livro. Helena é uma jovem que anseia por liberdade pois se vê escrava de sua aparencia durante toda a sua vida como uma espécie de maldição. Ela se apaixona por um jovem Páris, quase 10 anos mais jovem que ela, mais proximo da idade de sua filha Hermione, de 9 anos, do que dela, de 25. Mas apesar de jovem, Páris já viveu muitas aventuras entre sua vida de pastor no Monte Ida e a de principe troiano.

Os personagens são super carismáticos, como George costuma fazer em todos os seus livros, e justamente por isso, é impossivel não se apaixonar pela majestade de Leda e Hécuba, pela solidariedade de Andromaca, ou pela esperteza das jovens princesas Hermione e Polixena. Até mesmo a temível Clitemnestra é mostrada de forma simpática pela autora. Mas o que mais me chamou a atenção foi o fato de trabalhar a vida de Helena também após a queda de Tróia, falando de sua estada no Egito e seu regresso à Esparta como rainha ao lado de Menelau, assim como a reconquista do afeto de Hermione e como ela lidou com seus proprios erros cometidos pela paixão avassaladora que viveu com Páris."

Mas porque falar de Helena?

Porque a Helena da lenda de Tróia usa um estilo de roupas totalmente diferente do que é apresentado em filmes, livros, peças de teatro e afins.

Primeiro, deixe eu relembrar a lenda da história da Guerra de Tróia pra vocês. ;)

As deusas Afrodite, Hera e Atena disputavam o titulo de mais bela, e foram pedir para que Páris, um jovem famoso por ser justo, para que decidisse o problema. Bem, as deusas tentaram subornar Páris. Hera lhe ofereceu poder, Atena sabedoria, e Afrodite lhe prometeu "a mulher mais bela do mundo". Só tinha um problema que a deusa não explicou pra Páris. A mulher mais bela do mundo, Helena de Esparta, já era casada. Páris escolheu Afrodite. E pouco tempo depois, ele viajou à Esparta numa embaixada, aonde conheceu Helena, esposa do rei Menelau. Assim que se viram, se apaixonaram perdidamente e fugiram juntos pra Tróia, aonde Páris era filho do rei Priamo. Mas ele não conhecia a história de Helena.

Páris e as três deusas

Helena sempre foi linda, pois era filha de Leda, uma mulher muito bonita, e Zeus. Quando ela chegou na idade de casar, o pai terreno dela Tindaro, organizou uma grande recepção, aonde tinham muitos pretendentes à mão da princesa. Para evitar brigas, Tindaro fez que todos jurassem aceitar a escolha de Helena e proteger o escolhido caso acontecesse algo com ela. E quando Helena e Páris fugiram, Menelau e seu irmão Agamemnon, rei de Micenas, organizaram um super exercito com todos os pretendentes de Helena que juraram, reis, principes, grandes guerreiros e seus respectivos exércitos. Foram mil pra Tróia, e assim começou a guerra mais famosa da mitologia grega. O resto eu não vou contar porque contém spoilers caso alguém se interesse pelo livro.

Helena de Esparta e Helena de Tróia do livro da Margaret George


A Guerra de Tróia está estimada em ter acontecido por volta de 1270 a.C. (sim, Tróia realmente existiu), quando os "gregos" (eles não se chamavam gregos na época) usavam a moda micênica, similar à moda cretence.

Moda cretence e micênica


As mulheres não usavam peplos como é representado em tantas adaptações das lendas, mas trajes muito mais elaborados que uma simples túnica drapeada sobre o corpo. As saias eram volumosas, compostas de diversos babados, e por cima se usava um corset justo marcando bem a cintura. Os seios poderiam ficar à mostra numa boa, ou poderiam ser cobertos por um tecido fino que fazia as vezes de uma chemise. 

Mas Helena nunca é representada com trajes micênicos, pois as lendas foram imortalizadas já no periodo arcaico com a Iliada e a Odisséia de Homero, e clássico com as muitas peças de Eurípides, poemas como os de Quintos de Smirna, e registros históricos escritos por grandes nomes como Heródotus. 

Mas de qualquer forma, ver Helena usando um peplo sempre é agradável, apesar de errado. Os trajes usados no filme Tróia são lindíssimos, tanto os gregos como os troianos. E apesar do filme ser pouco fiél às lendas, super vale a pena assistir.

Diane Krueger como Helena de Tróia no filme "Tróia" de 2004


O único lugar que vi representarem Helena como uma verdadeira micênica foi na HQ "Age of Bronze" do genial Eric Shanower, que infelizmente ainda não foi lançada no Brasil (editoras, abram o olho pra essa preciosidade!). "Age of Bronze" é uma série de quadrinhos que contam só TODAS as lendas sobre a Guerra de Tróia, representada com toda a cultura da época, mostrando não só micênicos como micênicos, mas também troianos como troianos.

Helena e Hécuba de "Age of Bronze"

Em "A Irmandade Perdida", Helena é apenas uma personagem coadjuvante, pois o livro é focado nas amazonas. Mas ela está lá, e nesse livro, a lenda de Tróia foi reescrita de uma maneira incrivelmente diferente e fascinante!

Em breve vou postar um artigo sobre "A Irmandade Perdida", porque esse livro merece um artigo só dele, rsrs. Mas posso indicar alguns livros sobre a Guerra de Tróia que li e gostei muito, como "A Canção de Tróia" da Colleen McCullough, "Tróia - O Romance de uma Guerra" de Claudio Moreno, e "O Incêndio de Tróia" da Marion Zimmer Bradley.

Alguns dos livros sobre a Guerra que li e gostei!



by mara sop



quarta-feira, 21 de outubro de 2015

O futuro chegou!




É isso mesmo! O futuro chegou!!!

Marty e o DeLorean voador


Hoje, Marty McFly finalmente chegou ao futuro, e até agora nada de carros voadores e jaquetas auto-secantes, mas já temos algumas coisas que foram previstas pelo filme e que fazem parte do nosso presente como tvs de tela plana, brinquedos super tecnológicos e até mesmo um protótipo de hoverboard (o skate voador de Marty) que funciona! Fora os produtos que as empresas que patrocinaram o filme estão lançando para comemorar e alegrar os geeks de plantão, como o tênis com cadarços automáticos da Nike e a embalagem futurística da Pepsi!

Nike e Pepsi arrasando no merchandising


Não vou fazer um super artigo falando sobre o filme pq agora estou sem tempo e sem material para isso, mas não quis deixar a data passar em branco. Mas quis vir mostrar algumas das fanarts do filme que fiz pra comemorar esse momento histórico do mundo geek cinematográfico! :D

Marty, ao lado de Jennifer e sua filha Marlene




A Paramount está promovendo uma super celebração dos 30 anos da franquia e da própria "chegada de Marty" à 2015! E hoje está rolando no Rio de Janeiro uma super festa temática, que terá inclusive um baile do Encanto Submarino!

Johnny B. Good

Esse video fala sobre os acertos do filme com o "futuro" de 2015. 


Quem sabe, mais pra frente, eu venha aqui fazer um artigo bacana falando mais da moda na trilogia ;)

Vejam o video!


E lembrem-se, crianças: O futuro é agora! ;)



by mara sop

segunda-feira, 18 de maio de 2015




My Tapestry Girls

Acabei de ler "A Dama e o Unicórnio" da Tracy Chevallier, e adorei!

Eu sempre fui fascinada por esse conjunto de tapeçarias, e quando vi que tinha um romance histórico que rolava durante a manufatura delas, não pensei duas vezes: Tinha que ler!!!

O livro conta como um nobre francês resolveu mandar fazer 6 das mais famosas tapeçarias góticas da história (A Dama e Unicórnio), sendo narrado, em primeira pessoa, pelos personagens envolvidos no processo de tecelagem delas. Cada uma das tapeçarias tem uma dama e um unicornio de um lado e um leão do outro, representando os 5 sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato), sendo que a sexta é chamada apenas de "À mon seul désir", pois é a frase que está escrita nela. E todas foram feitas usando a tecnica de milleflours, que são essas florzinhas pequenas no fundo, que era muito popular na época.


The Ladies

No livro, 4 das 6 tapeçarias são retratos das personagens femininas envolvidas, Claude le Viste, Geneviève de Nanterre, Christine du Sublon e Aliénor de la Chapelle. 

Está primeira tapeçaria "À mon seul désir", no livro, representa a esposa de Jean le Viste, Geneviève de Nanterre. 



Genèvieve é a esposa de Jean le Viste, que deseja entrar pra um convento, mas não pode por causa de seu marido. No livro, é ela quem escolhe o tema de unicórnios para as tapeçarias.

À mon seul désir

Essa é a que representa o paladar, entre os 5 sentidos simbolizados nestas, e segundo o livro, seria Claude le Viste.



Claude le Viste é a filha mais velha de Jean le Viste, o nobre que mandou fazer as pinturas que servirão de base. Ela se apaixona por Nicolas des Innocents, o pintor que faz a pintura inicial das tapeçarias. Mas é um amor proibido, pois Claude é nobre e está destinada a um casamento politico para aumentar o prestigio de seu pai junto ao rei. Ela também é a herdeira das tapeçarias.

Tato

A visão representa Aliénor de la Chapelle, uma jovem cega, filha do tecelão que está fazendo as tapeçarias.



Aliénor é dada em casamento sem saber a um homem que não suporta, e Nicolas, o pintor, guardará o segredo ao mesmo tempo que quer ajuda-la a se livrar do casamento.

Visão

O tato é inspirado em Christine du Sablon, a esposa do tecelão e mãe de Aliénor.


Christine é uma mulher de temperamento forte, que sonha em poder tecer as tapeçarias do atellier mesmo sendo contra a lei por ser mulher.

Tato

Olfato e Audição não tem um personagem especifico, mas são igualmente lindas!

A audição à esquerda e o olfato à direita

As tapeçarias foram desenhadas em Paris, mas feitas em Bruxelas, encomendadas por um nobre da familia Le Viste, provavelmente Jean, que era o único que tinha direito a usar o brasão da familia, na corte de Luis XI Carlos VIII da França.

Clique na imagem abaixo para ver as 6 tapeçarias de A Dama e o Unicornio ;)



Outro livro com o mesmo tema que acabei de ler é "O Sétimo Unicornio" da Kelly Jones.

Diferente do primeiro livro, O Sétimo Unicornio se passa nos dias de hoje, com a curadora do museu aonde estão as tapeçarias descobrindo dentro de um livro do Convento de Lyon, um rascunho da arte e um poema que mostra indícios de que as tapeçarias não era seis, mas sete no total. E, no maior clima estilo "Código da Vinci", ela irá se aprofundar no tema para descobrir se essa tapeçaria existe mesmo e aonde ela pode estar. Intrigante, não?

Mas o livro não é totalmente contemporâneo não, o prologo e o epílogo se passam no final do seculo XV, mostrando um pouco da vida da artista e do tecelão que criaram as tapeçarias.

Assim como em "A Dama e o Unicórnio", esse livro também usa as tapeçarias como representação de alguns personagens. 4 das damas são representações das filhas de Jean le Viste, o nobre que encomendou as tapeçarias. Sendo assim, Claude é a moça da tapeçaria da Audição, Jeanne da visão, Geneviève do paladar, e Adèle (a filha fictícia e artista que desenhou as tapeçarias) apareceria nas outras, representando seu estado de espirito e contando um pouco de sua história.

O livro é um deleite para os amantes de arte, não só por mencionar diversas obras de arte, mas também explicar a simbologia do unicórnio dentro da história da arte, assim como por nos pôr na pele do artista enquanto se inspira e pinta seus proprios quadros com unicórnios.

Algumas das obras citadas no livro:
à esquerda: Dama com Unicórnio (Rafael Sanzio);
no centro: Caça ao Unicórnio (da série de tapeçarias azuis do Cloister);
e à direita: O Unicórinio (Gustave Moreau).  

Super recomendado a quem gosta de arte!


c. 1490-1500