terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Pit-Stop Basico no Neoclassicismo


Depois de dar um passeio pelo Renascimento, é hora de fazer um pit-stop no Neoclassicismo!
Então guarde a peruca pra não perder a cabeça!


Lembra aquele Projeto de História da Moda que eu estava ajudando meu amigo Pedro com minhas fanarts? Pois é, na semana passada eu falei um pouco sobre o Renascimento, hoje vou falar sobre o Neoclassicismo ;)


No final do seculo XVIII e inicio do XIX o mundo estava virando de cabeça pra baixo... Aliás, não só de cabeça pra baixo, mas sem cabeça também, já que muitas tinham rolado dando um basta na ostentação da nobreza e realeza francesa... Mas nem por isso deixariam o luxo de lado, afinal, a burguesia pode não ter sangue azul, mas tem muito dindin no bolso ;)

Marie Antoniette já tinha introduzido roupas mais simples e leves em estilo campestre no final da decada de 1780 (e foi um bafafá, mas falarei disso em outra oportunidade), deixando as sedas e brocados para ocasiões mais solenes, e abusando de musselines, um tecido semi-transparente que virou hit durante os primeiros anos do mundo pós-revolução francesa.

E é esse vestido campestre, o "Chemise à lá Reine", o precursor dos vestidos de silhueta império que vigorariam nos proximos 30 anos. É... Marie Antoinette ditava moda mesmo depois de morta! ;)

Contraste entre o vestido de corte, e o chemise à lá reine de Marie Antoinette
(1780s)

Mas vamos fazer as coisas direitinho, né?

O Neoclassicismo é sub-dividido em 3 periodos diferentes, o Diretório (1784-1799), o Império (1800-1815) e a Regencia (1816-1825), e apesar de todos manterem a silhueta império como caracteristica principal (aquela da cintura alta), todos tem suas respectivas singularidades. Pense nos filmes da Jane Austen, e você terá o visual certinho do Neoclassicismo!

Agora voltemos ao projeto do Pedro Venanci, aonde 7 casais representaram a moda desse periodo, e de quebra ainda teve uma apresentação de balé, o programa mais classe A da época! :)

Mesmo com a cintura bem mais alta, e a aposentadoria das perucas e dos paniers (a armação que se usava embaixo das saias pra dar aquele volume lateral que pra sentar, a mulher precisava de um sofá de 3 lugares ao invés de uma poltrona simples, rsrs), os vestidos ainda tinham um certo volume que iria sumindo durante boa parte do neoclassicismo. As grandes beldades da época passaram a se vestir como verdadeiras deusas gregas, com vestidos leves de tecidos transparentes como uma espécie de protesto ao estilo exagerado da década anterior, ou seja praticamente nuas se comparadas com o que o mundo estava acostumado... Um verdadeiro escandalo!

Diretorio (1794 - 1799)
Como a mulherada curtia o look grego, os penteados ficaram bem mais simples, com coques altos e muitos cachinhos soltos caindo nas laterais, mas como algumas coisas básicas nunca saem de moda, uma pluma no cabelo sempre era muito chic e bem vinda!

Madames Tallien e Récamier representadas na apresentação
(cerca de 1799)

No fim do Diretorio, com a expedição de Napoleão ao Egito, os turbantes e bandanas largas viraram moda junto com a egitomania! E com isso, muitas flores de lótus, papiros e elementos da Terra dos Faraós viraram estampas e bordados dos modelitos das mais antenadas.

E para representar o Diretório, duas meninas encarnaram as beldades da época, Thérèse Tallien e Juliette Récamier, acompanhadas de seus respectivos maridos, François, de Chimay e Jacques-Rose Récamier.

Império (1800-1815)
Em 1800, com a ascenção de Napoleão, começa o Imperio. E Napoleão que não era bobo nem nada, tinha se casado com uma das mulheres mais lindas da época, Josephine de Beauharnais, o maior icone fashion do momento (by the way, Josephine de Beauharnais, Thérèse Tallien e Juliette Récamier eram as mulheres mais lindas e influentes do pedaço! Todas queriam ser como elas)! Josephine era linda, refinada e atrevida, adorava vestidos com caldas enormes e golas elizabetanas e foi copiada por todas as mulheres do mundo inteiro! E é claro que nossa fashionista mor, Carlota Joaquina, não poderia ficar de fora!


Vestido da Coroação de Josephine de Beauharnais (1804)
 (esse vestido não foi reproduzido pro projeto)

Carlotinha amava moda, e fazia altas contas nos modistas e joalheiros, pro D. João pagar, claro! E como mulher espanhola fogosa que era, ela abusava do sex appeal com cores quentes e vibrantes, e sua favorita era o vermelho, obvio! Já viu amante latina não gostar de vermelho? Nem eu! hahahaha

Quando a familia real veio para o Brasil, Carlota e seus turbantes (por causa dos piolhos que ela pegou no navio) se tornaram sucesso absoluto entre a mulherada da corte carioca! Carlota não era Josephine, mas também era icone fashion, tá meu bem! :P

Carlota Joaquina usando um vestido inspirado no estilo de Josephine de Beauharnais
(cerca de 1805)

Portanto, Josephine e Carlota Joaquina não poderiam ficar de fora, devidamente acompanhadas por Napoleão e pelo Marquês de Marialva, o amante mais famoso da nossa fashion diva neoclassicista (já que ela não suportava o marido).

Vestido com mangas em "gominhos" renascentistas (cerca de 1810)
representando Josephine de Beauharnais.

Regência (1816-1825)
Por volta de 1810, o estilo grego foi perdendo força, sendo substituido por elementos renascentistas. As mangas passaram a ganhar "gominhos" adornados com todo tipo de fitinhas, lacinhos e rendinhas pra ficar com um aspecto mais elizabetano. Até os rufinhos voltaram à moda por volta de 1815! As saias começaram a ter seus barrados cada vez mais trabalhados com muitos babadinhos, rendinhas, recortes, bordados, já trazendo vários elementos romanticos que seriam praticamente obrigatorios pro estilo que chegaria em breve.

Vestido de viúva com rufo e mangas em "gominhos" de Madame Stampa de Stoncino
(1822)

Aqui no Brasil, essa moda chegou junto com a princesa Maria Leopoldina da Austria, a nossa primeira imperatriz!

Leopoldina era a antitese de Carlota, sofisticada, educada, discreta, seus vestidos eram lindos, luxuosos (embora quentes demais pro clima tupiniquim)... Leopoldina era uma verdadeira dama! E é claro que toda a corte também passou a imita-la!

Vestido de coroação de Maria Leopoldina da Austria e sua versão adaptada para o Projeto
(1822)

Pra representar esse finzinho do Neoclassicismo, foram escolhidos Maria Leopoldina da Austria e D. Pedro I, Madame e Messier Stampa de Stoncino, e a bela Auguste Strobl, acompanhada por Ludwig I, Rei da Bavária.

A bela Auguste Strobl com um vestido de transição entre a Regencia e o Romantismo
(1825)


Quer ver fotinhos neoclassicas do Projeto? Então clica aqui!

Ai gente, não sei você, mas eu acho esse período tudo!!! Isso sem falar que nunca sai de moda, né?

Dá pra pegar modelos dos vestidos dessa época e usar hoje sem parecer que saiu de um quadro de galeria de arte! Muito estiloso!!!

Fanart do Pedro como Fraçois de France
(eu não faço masculino, mas abri uma excessão)

Pedro, super valeu por essa viagem fantastica e divertidissima pelo Renascimento e pelo Neoclassicismo, dois periodos que eu realmente AMOOOO!!!

:D

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Hora do Chá!


Saudosismo à vista!
Mas servido com chá e biscoitos salpicado de historia da moda...

Agora dia 2 de dezembro vai rolar o "Chá das Cinco da Republica Velha" do Picnic Vitoriano de São Paulo
Mas você deve estar se perguntando: Chá das Cinco? Chá da Republica Velha? Picnic Vitoriano? Como assim? Como assim? o.O

O Picnic Vitoriano é um grupo que organiza eventos revivalistas de periodos historicos que existe em várias cidades do Brasil. Só esse ano já rolaram o Picnic no Parque do Ibirapuera, e o Revival da Independencia que aconteceu junto com o desfile de 7 de semtembro no bairro do Ipiranga. Cada evento tem um tema, mas quem quiser ir e não quiser participar do tema, pode escolher de trajes medievais à Era Eduardiana, ou ainda, montar um visual steampunk. Super cool, né?

O tema do Chá das Cinco é a Republica Velha, que vai de 1889 à 1930, então vale tudo desse periodo, sendo inspirado em algo da historia do Brasil ou do mundo! E olha só, tem muito outfit bacana que dá pra usar nesse evento!

Decada de 1890

A socialite americana Emily Warren Roebling - 1896

É o restinho do periodo vitoriano, a anquinha sai de moda, as saias vão perdendo volume, em contrapartida as mangas ficam enoooormes!!! Dá pra usar e abusar dos chapeus cheios de flores, plumas e tudo mais que tiver direito! \o/



Quer radicalizar? Use bloomers! Os bloomers são bermudões fofos que as mulheres saidinhas da época usavam para andar de bicicleta!
Quer radicalizar ainda mais? Vá de dançarina de can-can!
Dicas de filmes sobre essa decada: Dracula de Bram Stoker (Bram Stoker's Dracula), O Marido Ideal (An Ideal Husband), O Ilusionista (The Ilusionist)...

Decada de 1900

A atriz inglesa Lily Elsie - 1907

"La Belle Epoque"! 
É o tempo da ostentação e estravagancia, um novo seculo começava e o tempo começou a passar mais rapido com as novas tecnologias que surgiam. Tudo era maior do que o natural! Chapeus enoooormes adornados com todo tipo de fitas, rendas, flores, plumas... A silhueta em "S" está em alta! As saias arrastavam no chão em forma de sino, e cascatas de rendas desciam do decote sobre camadas de tecidos leves e transparentes deixando os vestidos ainda mais romanticos e femininos.
Gosta da novela das 6, Lado à Lado? Então arrase com os modelitos da primeira fase!!! ;)


Quer radicalizar? Invista num "aesthetic dress", o visual favorito das mulheres pré-rafaelistas! Numa especie de "protesto" contra os apertados espartilhos e estravagancias da moda vitoriana, esses trajes eram mais soltos, usados sem espartilhos, muitas vezes inspirados em trajes da antiguidade e medievais.
Dicas de filmes sobre essa decada: Em Busca da Terra do Nunca (Finding Neverland), Uma Janela para o Amor (A Room with a  View), A Casa de Mirth (The House of Mirth)...

Decada de 1910

Vestido usado por Kate Winslet em Titanic - 1912

Aqui temos a moda antes de 1914, e depois de 1914, porque a 1a Guerra Mundial afetou tudo, inclusive o guarda-roupas das moçoilas!

Look Orientalista de Paul Poiret - 1912-13

De 1910 à 1914 - dá pra abusar de roupas estilo "Titanic". A cintura sobe ainda mais e vai parar logo abaixo dos seios, o sucesso dos Ballets Russos colocam o Oriente em destaque. As inspirações visitam a Persia, India, Egito, Arabia, quanto mais exotico melhor! surgem os vestidos estilo quimono mudando radicalmente a silhueta feminina.


Quer radicalizar? Use o look orientalista de Poiret, bote uma calça de harem e se sinta "A" odalisca art deco!!!
Dicas de filmes sobre essa decada: Titanic, Em Algum Lugar do Passado (Somewhere in Time), Minha Bela Dama (My Fair Lady), Retorno à Howard's End (Howard's End), Entre Dois Amores (Out of Africa)...

Look de Downto Abbey - 1916

De 1914 à 1920 - as saias encurtam assumindo a silhueta barril, ficam mais simplificadas, confortaveis e funcionais por que são tempos de guerra e a mulherada teve que sair de casa e ir trabalhar. Os trajes adquirem elementos militares, como bolsos enormes e muitos botões inspirados nas fardas dos oficiais do exercito.
Quer radicalizar? Imite Coco Chanel, vista calças e use um visual masculino!


Dicas de filmes sobre essa decada: No Amor e na Guerra (In Love and War), Nicholas e Alexandra (Nicholas and Alexandra), Doutor Jivago (Doctor Jivago), Downton Abbey...

Decada de 1920


Look do filme O Artista - 1927

Os anos loucos! Com o fim da guerra, todo mundo quer viver a vida como se não houvesse amanhã! 
É o tempo das flappers (as melindrosas), as saias encurtam ainda mais, assim como os chapéus, e para acomodar a cabeleira dentro dos pequeninos chapeus clochê, a mulherada passou a tesoura surgindo assim o corte "à lá garçonne" (como dos meninos). Todo mundo quer dançar, e para entrar no novo ritmo que surgia, o jazz, vestidos franjados!


Quer escanlizar? Vá de melindrosa!!! Elas eram as moças espevitadas da época, e escandalizavam em qualquer lugar!
Quer radicalizar? Vá de sufragista! As primeiras femininas que lutavam pela igualdade dos sexos e se recusavam à usar todos as rendinhas e frufrus que compunham o guarda roupas das moças de familia.
Dicas de filmes sobre essa decada: O Grande Gatsby (The Great Gatsby), Chigaco, O Artista (The Artist), O Miado do Gato (The Cat's Meow), Cotton Club, Chaplin...


E pra quem quiser participar olha o convitinho aqui:


O Picnic Vitoriano São Paulo, grupo de Revivalismo, convida a todos para o seu chá das cinco anual,
o Chá das Cinco na República Velha.
Venha voltar aos tempos do charleston e dos coronéis!

Data: 02 de dezembro,

13h - Passeio Fotográfico

15h - Chá no Café Girondino. (45,00 por pessoa, ingressos devem ser adquiridos até 25.11)

Local: Largo São Bento e Café Girondino

Dresscode: 1889-1930. Mas as outras épocas (Da Idade Média à Belle Époque) são aceitas.

Informações e Tutoriais: http://www.picnicvitoriano.blogspot.com.br/2012/09/cha-das-cinco-na-republica-velha-todas.html


Se você curte "se montar" com roupas historicas, tá esperando o que? Se joga!


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Um passeio pelo Renascimento


Entre rufos, farthingales e metros e metros de tecido...


Nos ultimos 3 meses eu ajudei meu amigo Pedro Venanci a pesquisar e coordenar um trabalho de historia da moda baseado no Renascimento e no Neoclassicismo. E apesar de ter sido um trabalho de muita pesquisa e muitos ajustes, foi delicioso ajuda-lo não só com as pesquisas, mas também ilustrando as roupas escolhidas para serem confeccionadas! :D

Mas vamos aos fatos... e fotos ;)


Para o Renascimento, foram selecionado 8 casais representando as varias etapas do periodo, e os trajes desses casais foram adaptados, confeccionados e representados pelo Pedro e seus colegas de classe, que encenaram uma dança renascentista tirada de "Shakespeare Apaixonado", o que me deixou morrendo de vontade de rever o filme pela milhonésima vez... 


Acima, Beatrice d'Este (à esquerda) ao lado de dois retratos que
supostamente são de Lucrezia Borgia (embora Lucrezia fosse na
verdade lourissima de olhos azuis com um rosto angelical)

Para o Renascimento Italiano foi escolhido o lindo vestido de 1495, de Beatrice d'Este, que era inspirado num vestido usado por sua prima Lucrezia Borgia, que foi uma grande lançadora de moda de seu tempo. Beatrice era duquesa de Milão e membro de uma das familias nobres mais importantes da Italia na época (para quem não sabe, na Italia Renascentista não havia um reino, mas varias cidades independentes governadas por duques e condes, que era praticamente a mesma coisa que um rei, hahaha, e Beatrice foi uma dessas duquesas da época, ou seja, praticamente uma rainha).

Fanart de Beatrice d'Este.
Para o projeto o vestido foi reproduzido fielmente

Nesse periodo (um dos meus favoritos ever), a influencia da Grecia Classica era imensa! E isso pode ser notado nos rebuscados penteados que imitavam os gregos. A cintura dos vestidos ainda era alta, como a do final da Idade Média, mas a silhueta "vertical" já estava sendo substituida pela "horizontal", então os hennins (aqueles chapeus pontudos que todos associam com fadas e bruxas de contos de fadas, sabe?) foram aposentados, e substituidos pelos penteados que eram entrelaçados com fitas, pérolass e pedras preciosas.

E a roupa ficou muito fashion quando entrou a tendencia do "mendigo chic style", aonde tiras de tecidos nobres, como sedas, veludos e adamascados, eram amarradas umas nas outras formando diversos modelos de mangas, corpetes e até mesmo saias... E pelos vários "buraquinhos" que ficavam nas roupas por causa das amarrações, era muito estiloso puxar partes da camisa ou camisola debaixo, pra fazer aqueles gominhos fofinhos que vemos nas mangas, cavas e calções masculinos. Isso tudo deixava a moda muito mais versatil, pois era só pegar o mesmo vestido da noite anterior, mudar um pedaço por o de um outro vestido, puxar a camisa aqui e ali, e voilá: você tinha um modelito totalmente diferente e super fashion para causar inveja nas outras mulheres da corte!

Sibylle von Kleve (à esquerda) ao lado de outros modelos
de vestido do Renascimento Alemão

A tendencia da "moda em pedaços" ainda durou um tempo e ficou muito alegre e colorida durante o Renascimento Alemão, que convenhamos, é puro luxo com essas saias "listradas" feitas de tecidos caros e contrastantes! E para representa-la, foi escolhido um vestido de 1526, da Sibylle von Kleves (irmã mais velha da Anna von Kleve, uma das infelizes esposas do Henrique VIII), que além de ser filha de duque, se casou com o principe eleitor da Saxonia (é que na época, a Saxonia também não tinha rei, e sim varias cidades estados tal qual a Italia, e era governada por principes eleitores, responsaveis pela eleição do governante do Sacro Imperio Romano), ou seja, MUITOOO fina!!! 

Fanart de Sibylle of Kleve, e ao lado, modelo alterado para o projeto.

O vestido escolhido foi o que ela usou no seu casamento (e sim, ele era vermelho!), e tem essa manga de tiras formando varios gominhos, como se fossem varias manguinhas fofas, uma emendada na outra. Puro estilo!!!

Anne Boleyn (à esquerda) e ao lado
Natalie Portman como Anne Boleyn no filme "A Outra"

Para o Renascimento Francês, foi escolhida um vestido de 1528, da Anne Boleyn (isso mesmo, a rainha inglesa Anne Boleyn, por quem Henry VIII rompeu com a Igreja Catolica só pra poder se casar com ela), pois Anne além de ter sido educada na França, ainda foi dama de companhia da rainha Claude. E quando voltou para a Inglaterra trouxe com ela a moda francesa, os lindos toucados arredondados, os corpetes mais decotados e de cintura mais baixa que contrastavam com o recatado estilo espanhol da primeira esposa de Henry VIII, Catalina de Aragón.

Fanart de Anne Boleyn inspirada no filme "A Outra"
ao lado, modelo modificado para o projeto

Anne era extremamente fina, culta e sensual, apesar de não pertencer ao padrão de beleza da época, ela era o tipo de mulher de parar o transito, no caso dela, a Corte Inglesa, rsrs... E ela era tão "afrancesada" que era tratada como se fosse realmente francesa, por isso, ninguem melhor e mais icônica que 'Mademoiselle Boullan' para representar o renascimento francês, não é mesmo?

Jane Seymour (à esquerda) e Anabelle Walis como Jane em The Tudors

Jane Seymour e Kathryn Howard (a terceira e a quinta esposa de Henry VIII) da série "The Tudors" foram escolhidas para representar os dois extremos do estilo Tudor, que não deixa de ser Renascimento Inglês. Jane não era tão aristocratica, culta e fina como Anne Boleyn, mas Henry se encantou com seu jeito recatado como uma forma de repudiar toda petulancia de Anne. Então Jane representa essa volta ao recato, aos costumes engleses, e em seu mais famoso retrato, ela rema contra a mare e usa o capelo ingles ao invés do frances, que era o ultimo grito da moda da época. 

Fanart de Jane Seymour de The Tudors
ao lado, vestido alterado para o projeto

Na minha opinião, Jane só se tornou a esposa favorita de Henry porque ela lhe deu um filho homem e morreu logo em seguida... Henry enjoava das esposas e quando se interessava por uma nova moça da corte, logo dava um jeito de se livrar da velha esposa para casar com a nova. Tanto é assim, que Henry se casou com Anna von Kleve (a irmã mais moça da Sibylle ali de cima) e em 6 meses ja pedia a anulação para casar com a espevitada Kathryn Howard, a esposa adolescente de Henry VIII.


Kathryn Howard (à esquerda) e ao lado Tamzin Merchant como a jovem rainha em The Tudors

Kathryn era prima da Anne Boleyn por parte de mãe, era de uma familia rica e importante, mas não tinha muita instrução, então a corte pra ela era pura festa! Kathryn amava ostentação, usava tudo que podia e mais um pouco pra montar seus visuais para suas aparições publicas.

Fanart de Kathryn Howard de The Tudors
ao lado, vestido alterado para o projeto

Então temos a recatada e tradicional Jane e a espevitada e espalhafatosa Kathyrn representando a moda Tudor, o primeiro vestido de 1537 e o segundo de 1540.

Eleonora di Garzia di Toledo, e Ana de Austria (à direita)
estilo italiano inspirado no estilo ibérico

Na decada de 1550 o estilo espanhol (ou ibérico) vem com tudo na moda dos países proximos por causa da influencia do Imperador Felipe II de Espanha que estava dominando geral, e com ele, os rufos viraram febre! A moda ibérica era caracterizada pelos tecidos e peças rigidas, cores sóbrias, de preferencia escuras, e dos rufos (aquela golinha de palhaço) muito brancos e engomados. Quanto maior, mais importante era a pessoa! Um dos melhores exemplos do estilo espanhol é o quadro de 1571 da rainha Ana de Austria, esposa do rei Felipe II de Espanha.

Fanart de Ana de Austria, representando a moda do Renascimento Espanhol
(esse modelo não fez parte do projeto)

O estilo foi tão influente que todas as cortes o aderiram de um jeito ou de outro, e para representar a influencia espanhola, foi escolido um vestido de 1571, da duquesa italiana Eleonora di Garzia di Toledo.

Fanart de Eleonora di Garzia di Toledo
ao lado, vestido alterado para o projeto

A mistura dos estilos é bem nitida, se você notar a rigidez do modelo, os detalhes bordados em ouro e do rufo aberto, essa pequena gola que vai se abrindo em forma de rufo. Esse rufo evoluiria e acabaria virando o rufo aberto, aquela gola que ficou famosa por lembrar a da Branca de Neve, e que estourou com tudo na corte elizabetana.

Modelo elizabetano (à esquerda)
ao lado de Elizabeth I e suas fabulosas armações borboleta

E falando em elizabetano, é CA-LA-RO que Elizabeth I não poderia ficar de fora, né? Elizabeth, a filha de Henry VIII e Anne Boleyn, era uma grande fashionista! Ela amava moda, e lançou várias durante o seu "pequeno" reinado de mais de 40 anos, e a gola da Branca de Neve é sua marca registrada!

A moda elizabetana é marcada por mangas bufantes enormes, corpetes muito rigidos e pontudos na base, saias muito rodadas, armadas com farthingale (ou verdugado - o avô da crinolina), muitas jóias e perolas bordadas, e pelos rufos, tanto fechado quanto abertos, além dos véus que eram pendurados em armações de arame emoldurando os ombros e a cabeça em forma de borboleta. Elizabeth amava a armação em forma de borboleta!!! Ela "invencionava" tanto nos modelitos que chegou a lançar a moda do farthingale cartwell na corte inglesa, ou seja cilindrico, que parecia um bambolê debaixo da saia das mulheres da decada de 1590.

Fanart de vestido elizabetano representando Elizabeth I

Para representar o estilo da rainha Elizabeth, foi escolhido um vestido que apresenta tanto o rufo aberto, quanto a armação borborleta da decada de 1580.

Modelo do Renascimento Tardio (à esquerda)
ao lado, Marguerite de Valois

Fechando o Renascimento, temos esse estilo que podemos chamar de pré-barroco, com o rufo aberto ja se preparando para aposentar os babadinhos, entrando as pontas em forma de petalas que seria tão popular na moda francesa do seculo seguinte. E para isso, nada melhor que Marguerite de Valois, que ficou conhecida mesmo como "La Reine Margot". Margot ficou famosa não só pelos escandalos em que ela e sua familia se envolveram, mas também pela sua beleza e senso de estilo. Ela foi uma das mulheres mais fashionistas de seu tempo, e influenciou a moda das grandes cortes europeias com seus modelitos.

Fanart de vestido do Renascimento Tardio
representando Marguerite de Valois

O vestido escolhido para representar Margot é do fim da decada de 1590, quando Margot e seu marido Henri de Navarre, se separaram, e ela foi substituida no trono por sua prima italiana Maria di Medici.

Vale ressaltar que todas as rainhas, princesas, duquesas e demais moçoilas escolhidas pra esse projeto foram acompanhadas por distintos cavalheiros, que também foram caracterizados pelos colegas de classe do Pedro. Sendo assim, Beatrice d'Este foi acompanhada do marido Ludovico Sforza,  Duque de Milão. Sybille von Kleve, de Johann Friedrich I, principe eleitor da Saxonia. Anne Boleyn de Henry VIII (um dos casais mais famosos da historia!). Jane Seymour, de seu irmão Edward Seymour, Duque de Somerset (que foi o tutor do futuro rei criança, Edward, seu sobrinho, filho de Jane e Henry). Kathryn Howard, de seu amante Thomas Culpepper. Eleonora di Garzia di Toledo, de seu marido Don Pietro di Medici. Marguerite de Valois, de seu marido Henri de Navarre. Enquanto Elizabeth I era cortejada pelo principe francês François de France,  Duque D'Anjou, que foi o traje escolhido pelo meu amigo Pedro, e que ficou puro luxo! 

Traje usado como inspiração, e Pedro como Duque d'Anjou

O projeto do meu amigo Pedro foi um verdadeiro passeio por mais de um seculo de moda de um dos periodos mais fantasticos da historia!
Para conferir a galeria de fotos da apresentação do projeto, click aqui!

A outra parte do projeto foi sobre o Neoclassicismo, que é um revival do Renascimento e da Grecia Classica, e é tão interessante quanto. Não percam o proximo post ;)


P.S. Mantive os nomes como eram escritos em seus respectivos países, pois acho que já que não se traduz nome proprio comum, isso também vale pros nomes dos reis, rainhas e demais nobres que de alguma maneira marcaram a historia, então Sibila de Cleves ficou Sibylle von Kleve; Ana de Cleve, Anna von Kleve; Henrique VIII, Henry VIII; Ana Bolena, Anne Boleyn; Catarina de Aragão, Catalina de Aragón; Claudia da França, Claude de France; Joana Seymour, Jane Seymour; Catarina Howard, Kathryn Howard, João Frederico I da Saxonia,  Johann Friedrich I e por aí vai. Qualquer duvida é só deixar um comentario que eu esclareço com o maior prazer :D


;)