quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ganhando o dia de maneira bem Juliética XD




WOW!!!

Hoje me surpreendi horrores ao ver que Anne Fortier, uma das minhas autoras favoritas, não apenas viu e gostou da minha fanart juliética da personagem dela, como também falou sobre isso no meu facebook!


A personagem em questão é Giulietta Tolomei, (claro!) que eu já havia postado por aqui há um tempinho atrás. Mas só pra relembrar, lá vamos nós de novo =D

No livro Julieta, de Anne Fortier, Giulietta Tolomei é a linda jovem sienense que teria dado origem à lenda de "Romeu e Julieta" por causa da tragedia por ter se apaixonado pelo belo e corajoso Romeo Marescotti, mesmo sendo requisitada como noiva pelo homem que mais odiava em todo o mundo, Messer Salimbeni, o responsavel pela morte de toda a sua familia.




O notório pintor gótico, Ambrogio Lorenzetti, teria sido testemunha ocular e peça fundamental da historia do jovem casal, imortalizando o triste fim dos dois em um de seus mais famosos afrescos, "Alegoria do Bom Governo na Cidade e no Campo".



Thanks, Anne! I'm a huge fan of your book, and I really love to made this fanart! XD

;)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Romeu e Julieta de Franco Zeffirelli - parte 3


Montecchios V Capulletos

Agora que já fuxicamos o guarda-roupa da Julieta, vamos falar dos outros trajes usados no filme.

Vamos começar com os vestidos de Lady Capulleto, a mãe da Julieta. Tá que ela usa poucos vestidos durante o filme, mas pelo menos muda de roupa, ao contrario da mãe do Romeo que usa o mesmo vestido o filme todo, mesmo aparecendo em cenas com intervalo de alguns dias entre uma e outra.

Uma coisa interessante que podemos notar no filme, são as cores das roupas dos Montecchios e dos Capulletos. Os Montecchios usam cores frias, praticamente em cinza e azul, enquanto que os Capulletos usam cores quentes como o vermelho e o amarelo, e isso pode ser reparado inclusive nas roupas dos criados. Isso é uma forte referencia medieval  e pré-renascentista italiana de roupas hieraldicas, ou seja, roupas inspiradas nos brasões e cores de cada familia que além de identificar a que clã esta pessoa pertencia, ainda demonstrava seu status social. É muito óbvio que as cores dos Capulletos são o vermelho e o amarelo, e as dos Montecchios é o azul e o cinza.


Montecchios versus Capulletos

A ama de Julieta também usa as cores da familia

Quando Lady Capulleto aparece pela primeira vez, ela está se arrumando pra festa, e advinhe só as cores do vestido dela? Vermelho com detalhes em dourado, uma variação do amarelo. Julieta também usa um vestido vermelho, e tem detalhes dourados nos cabelos. Mesmo os homens da familia, como o pai de Julieta e seu primo Teobaldo usam vermelho e amarelo. E qual é a cor do traje de Romeo? Azul e cinza!


O vestido segue a mesma linha dos vestidos da Julieta, decote em "V", cintura alta e mangas enormes em forma de sino. Tudo muito caracteristico do final da Idade Média. E na cabeça ela usa esse toucado fofo arredondado que se chama balzo. O balzo surgiu justamente nesse século de transição entre a Idade Média e o Renascimento, ficando na moda por pouco mais de um século!

da esquerda para a direita: o cantor contratado para entreter os convidados;
Conde Páris, um membro da familia real de Verona; e os Capulletos, Teobaldo e Lord Capulleto.


Rosalina, o primeiro amor de Romeo, e prima de Julieta.

Ainda falando dos trajes do baile, temos Rosalina, com um vestido muito próximo da transição do gótico pro renascimento, com uma especie de robe de brocado sobre o vestido que foi muito usado pelas damas da Renascença Italiana.


Lady Capulleto ainda aparece com mais 3 modelos diferenciados:
O primeiro, um vestido para usar em casa, em cores mais neutras e discretas. O segundo, um vestido preto representando o luto pela morte de Teobaldo. E o terceiro, um vestido muito parecido com o usado no baile, com as cores da familia aliadas ao preto do luto, pela "morte" de Julieta. Mas nesses trajes o interessante nem é tanto o modelo do vestido, que era bem parecido com a grande maioria dos vestidos da época (só se diferenciando por um brocado, uma aplicação de peles, ou pedras preciosas aplicadas), mas sim seus penteados.
As tranças enroladas sobre as orelhas é um tipico penteado medieval, usado desde o seculo XII. Durante o seculo XIV, esse penteado ficou famoso adornado com uma redinha (bordada com pedras preciosas sobre cada uma das tranças enroladinhas), como hainaut, em homenagem à rainha da Inglaterra Phillipa de Hainaut, que foi extremamente popular em sua época.
Tranças entrelaçadas com fitas também foram usadas durante toda a Idade Media, mas enroladas sobre a cabeça com esse aspecto de "cornos", também é uma caracteristica fortissima do final da Idade Media. As mulheres usavam a testa alta (muitas vezes raspada alguns centimetros para parecer maior) e faziam essas estrepolias com cabelos, toucados e chapeus como uma forma de "estar mais proxima do céu", ou seja, de Deus. É... o padrão de beleza da época era meio excentrico mesmo, rsrs



O traje da Lady Montecchio também segue a mesma linha dos vestidos desse periodo, mas seu chapeu é uma mistura de balzo com um henin em forma de cone. Henin é aquele chapeu de fada pontudo que geralmente tinha um véuzinho preso na ponta que caia sobre a parte de trás da cabeça com comprimentos que podiam variar dos ombros até ao chão. O efeito era bem bonito, embora eu achei que esse chapeu não fosse muito pratico em ambientes de teto baixo, rsrs...
Ainda bem que os tetos, portas e janelas medievais só não eram mais altos porque não dava!


E aqui chegamos ao fim dos posts juliéticos sobre a versão de Zeffirelli. No proximo post, vamos falar da versão moderna de Romeu e Julieta, sim sim a do Leonardo DiCaprio!

Não perca!

;)

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Romeu e Julieta de Franco Zeffirelli - parte 2


Fuxicando o guarda roupa de Julieta Capuleto

Bem, não tem como negar que o figurino usado por Olivia Russey é o mais bonito do filme!
O primeiro vestido que Julieta usa no filme, o vermelho, é um dos melhores exemplos de roupa do seculo XV do cinema. A cintura alta, o decote em “V”, a saia ampla e volumosa e os detalhes em perolas e pedrarias são as principais caracteristicas da roupa feminina dessa época. As mangas desse vestidos também são uma caracteristica forte do século XV, que datam a transição da idade media pro renascimento, o periodo que pode ser chamado tanto de gótico tardio quanto de pré-renascentista, ou de renascimento italiano. Essas mangas eram soltas, e podiam ser usadas em vestidos diferentes através de amarrações, por isso que aparece esse tecido bufante por baixo, que nada mais é que a camisola que se usava por baixo do vestido meio que “puxadinha” entre as frestas do vestido pra dar esse efeito manga fofa.
Julieta, ao contrario das outras moças da festa, não está tão enfeitada e cheia de joias, isso porque, apesar de já estar em idade de casar (ela estava pra completar 14 anos), os pais ainda a consideram uma menina, então ela não usa os chapeus absurdamente enfeitados das outras nobres do salão, pelo contrario, usa uma trança entrelaçada com uma fita dourada e um gorrinho também dourado todo bordado com pérolas pra complementar.
E sabem o gorrinho/chapeuzinho que ela usa com essa roupa? Pois é, se chama gorro julieta, porque será, né? =P


O vestido da cena da sacada deveria ser um dos diversos vestidos que deviam estar por baixo desse primeiro vestido vermelho (sim, se usava mais de um vestido ao mesmo tempo, as vezes se usavam umas 4 ou 5 camadas de tecido sobre a camisola), porque a cena se passa poucos minutos após ela deixar a festa, quando Romeo, antes de sair da propriedade dos Capuletos, pula o muro pra ir vê-la. Esse vestido, apesar de não ser uma camisola, com certeza é um vestido debaixo, tem menos volume que os vestidos do resto do filme, e está sem mangas, sinal de que ela não estava arrumada, totalmente vestida, mas muito provavelmente se preparando pra dormir. Mas com certeza não é uma camisola, pois é um vestido que tem bordados dourados e é feito num tecido acetinado.


O vestido camponesa que ela usa pra esperar a resposta da ama sobre o casamento, também segue a linha do vestido vermelho: Um corpete com mangas avulsas e a camisola aparecendo por baixo e a saia de cintura alta, caindo ampla até os pés. A diferença é que esse vestido é um vestido para ser usado durante o dia, com tecido menos nobre que os tecidos para a noite, e sem tantos enfeites. O gorrinho que ela usa e o avental também passam a ideia de um traje para o dia, para ser usado no jardim ou em algum trabalho domestico. Não que Julieta, sendo nobre, fosse dar uma de Cinderela, mas as mulheres medievais das altas classes costumam tecer e bordar em casa para passar o tempo, algumas estudavam musica, e outras raramente liam ou escreviam algo, embora esse ultimo fosse o que mais fizesse sujeira de todos os trabalhos femininos citados para justificar um avental. Mas é bem provavel que o avental de Julieta fosse apenas para colher flores mesmo.


O vestido do casamento é tão absurdamente amplo que caberiam umas 3 ou 4 Julietas dentro dele, mas era um modelo muito usado no fim da idade media, principalmente na Italia, aonde se passa a historia de Romeu e Julieta. Essas mangas em forma de sino que caem abaixo da cintura são incrivelmente góticas! E quando digo gótico, não estou me referindo à essa visão atual de que gótico é um estilo meio vitoriano-vampiresco aonde se abusa do preto até na maquiagem. O verdadeiro gótico, esse da idade media, era muito colorido e enfeitado, com muitas jóias tanto no corpo quanto na roupa e principalmente nos cabelos. Pra completar o look gotico classico total só faltou o hennin, aquele chapeu pontudo de contos de fadas!
Mas voltando ao vestido de casamento da Julieta. Bem, da pra ver que o tecido é uma especie de lã grossa e pesada, muito volumosa, num modelo de mangas amplas e gola alta, que mostra pouquissimo do corpo. Esse traje era pra ser usado na Igreja. Um traje para o dia, mas ao mesmo tempo uma roupa luxuosa, principalmente pela cor, que é um branco azulado. Tecidos alvejados eram artigo nobre, e o azul um dos corantes mais caros na época e só quem era muito bem de vida poderia ter trajes claros e azulados. Até o véu super delicado que ela usa é azulado! E esse volume todo do vestido era simbolo de status, afinal, só quem tinha muita grana que poderia usar tanto tecido num único traje. Naquela época, tecido era caríssimo, um dos principais artigos de luxo.


O vestido verde escuro também é um vestido para sair de casa durante o dia, não tão ornamentado e volumoso quanto o do casamento, pois Julieta está de luto, mas da pra ver que é um vestido bem trabalhado feito num tecido nobre como o veludo! E a propria cor verde mostra que ela pertence a nobreza, pois assim como o azul, o verde era um cor usada apenas pelos ricos aristocratas. Cores luminosas eram um diferencial enorme como forma de identificação entre ricos e pobres. Aos pobres restavam as cores apagadas, geralmente em tons de terra, pois os corantes eram de qualidade inferior e bem mais baratos.


O ultimo vestido que a Julieta usa, muito provavelmente seria o vestido do seu casamento com Paris. É um vestido todo entrelaçado com fios dourados dando um brilho quase da realeza ao tecido. Tanto na parte dourada fosca, quanto na parte rosada dá pra ver minusculas perolas bordadas em grande parte do vestido. Até o vestido debaixo, que está no lugar da camisola, segue o padrão de fios dourados na trama. Julieta também usa um 'gorrinho julieta' dourado também bordado de mini pérolas. Super produzida! Mas é um fato que as pessoas medievais eram sepultadas com suas melhores roupas para que chegassem ao paraíso em grande estilo, rsrs


Mas nem só do belissimo figurino de Julieta é feito o filme, né?

No proximo post falarei dos trajes usados pela aristocracia veronense, recheado de fotinhos da exposição do figurino do filme que rolou há um tempo atras. Não perca!

;)

sábado, 30 de julho de 2011

Romeu e Julieta de Franco Zeffirelli - parte 1


Mais um pouquinho de Romeu e Julieta no cinema


Bem, eu já falei da primeira das 3 mais famosas versões de Romeu e Julieta no post passado, então agora vamos falar sobre uma versão que eu assisti, e portanto, posso falar mais e melhor sobre ela, né?

A versão de Romeu e Julieta é de babar de tão bem feita. Aliás, tinha que ser, né? Afinal, Franco Zeffirelli é um dos mais importantes cineastas da historia, e o titulo é super merecido, pois o cara fez um filme mais lindo que o outro!

Nessa versão, os atores que interpretaram Romeu e Julieta, ao contrario da versão de 1936, eram realmente adolescentes! Leonard Whiting tinha 17 anos, e Olivia Russey tinha 15, apenas 1 ano mais velhos que seus respectivos personagens. A empatia do casal foi tanta que eles chegaram a namorar durante as filmagens.

Zeffirelli disse que escolheu atores adolescentes e pouco experientes pra que pudesse captar a essencia da idade do casal da historia e dar mais veracidade ao filme, e realmente ele conseguiu, porque Julieta não poderia ser mais meiga e doce do que Olivia Russey fez com que ela fosse, e Romeu não poderia ser mais romantico e impulsivo do que Leonard o fez ser.

O filme usa fielmente os dialogos de Shakespeare, e tem uma produção fantastica com cenarios e figurinos que retratam perfeitamente o periodo em que se passa a historia, além de dar uma excelente noção de como eram os usos e costumes do século XV. Aliás, eu recomendo esse filme, que não foi atoa que ganhou o oscar de melhor figurino, como uma das melhores referencias cinematograficas sobre a moda gótica-medieval/pré-renascentista para quem curte historia da moda.


Se você ainda não viu, ou já viu e quer ver de novo, dá pra baixar o filme legendado e com excelente qualidade aqui, além de poder ver os screencaps do filme neste outro link aqui !

O figurino desse filme é tão tudo de bom que merece um post à parte pra falar sobre ele, então não perca o proximo post!

;)

domingo, 24 de julho de 2011

Julietas no cinema


Versões cinematograficas de Romeu e Julieta

Romeu e Julieta não é apenas uma das peças mais encenadas do mundo nos palcos mas, sem duvida nenhuma, também é a obra mais filmada de Shakespeare, e uma das mais filmadas de todos os tempos!

Vivien Leigh como Julieta nos palcos

A peça tem sido apresentada desde a época de Shakespeare, ganhando o mundo, tendo desde os maiores astros de suas épocas, até os mais anônimos estudantes em peças de escola, dando vida ao casal de protagonistas. Mas desde que o cinema foi inventado, apaixonados pelo bardo não se cansam de tentar uma nova roupagem à uma das mais classicas historias de amor já escritas.


Ainda na época do cinema mudo, eu tenho registro de 3 produções, a primeira em 1900, a segunda em 1908 dirigida por George Meliès, e a terceira, com a primeira super vamp hollywoodiana Theda Bara, em 1916. Todas essas versões não existem mais, se perderam no tempo, e só sobraram fotos e material de divulgação delas. Mas as 3 mais famosas versões são as de 1936, dirigida por George Cukor, com Norma Shaerer e Leslie Howard; a versão de 1968 de Franco Zeffirelli, com Olivia Russey e Leonard Whiting; e a versão de 1996 de Baz Lurhmann, com Leonardo DiCaprio e Claire Danes.

Acima, à esquerda, Theda Bara e Harry Hilliard na versão de 1916


Norma Shaerer e Leslie Howard em 1936
Leonardo DiCaprio e Claire Danes em 1996
Olivia Russey e Leonard Whiting em 1968

A versão de 1936


O Romeu e Julieta de 1936 consta como um dos 1000 melhores filmes já feitos da lista do New York Times. Protagonizados por Norma Shearer (a Maria Antonieta mais famosa do cinema) e Leslie Howard (o Ashley Wilkes de “...e o vento levou”), é sem duvida alguma, uma versão super bem produzida e interpretada pelos grandes astros da época, mas o curioso é saber que o casal central era velho demais pra interpretar um casal de adolescentes. Howard tinha 43 anos e Norma tinha 34!

Esse filme foi indicado à 4 oscars apesar de não ter sido muito bem aceito pela critica da época.

Alguns itens do figurino dessa versão de 36, perteceram ao acervo de Debbie Reinolds, que colecionava figurinos de grandes produções históricas do cinema hollywoodiano, e foram leiloados há pouquissimo tempo! (Ai ai ai, se eu tivesse dindin, com certeza compraria esse vestido roxo maravilhoso só pra ter no armario, rsrs)

Como eu ainda não vi essa versão, não posso falar muito, né? Mas já da pra babar um pouquinho no figurino que é lindo, como todo figurino feito pra essa peça!




Mas muita calma nessa hora, que ainda vou falar das versões de 68 e 96, e de filminhos inspirados no casal mais romântico de todos os tempos. Não perca!
;)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Romeu e Julieta em tempos de internet




Não sei você, mas eu morro de rir com essas maluquices que o povo faz no facebook, orkut e afins...



Mas então, eu não me esqueci de falar sobre as versões cinematograficas de Romeu e Julieta, mas os textos e ilustrações estão tomando um pouco mais de tempo do que eu imaginava... Mas calma, que sai!

;)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Romeu e Julieta: versão resumida


Ilustração de Kyle Tezak


ilustração de Tom Gauld




Só pra descontrair ;)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Embaixo da sacada de Julieta



Na bela Verona...

WOW, no post anterior eu me acabei de falar sobre o livro "Julieta" da Anne Fortier, né? Então, neste, vou falar do filme Cartas para Julieta, que apesar de ter sido baseado no livro de mesmo nome, tem pouco a ver com o livro em si.

Cartas para Julieta

Ler "Julieta" me deu uma vontade louca de rever os filmes "Romeu e Julieta" que eu tinha gravado nas minhas pré-historicas fitas cassete que nem existem mais, a magistral versão de 68 de Franco Zefirelli, a de 96 com Leonardo DiCaprio de Claire Danes, e porque não, Shakespeare Apaixonado! 3 dos meus filmes favoritos, e foi então que eu descobri o filme "Cartas para Julieta", inspirado no romance homônimo de Lise Friedman e Ceil Friedman, com a fofíssima Amanda Seyfried como atriz principal.




Apesar do nome e do filme ter esse ar todo nostálgico e romântico, ele não se passa na Idade Media, mas no presente, e conta a historia de uma americana, Sophie, que vai visitar Verona com o noivo (que só pensa no restaurante que está abrindo), e descobre um habito curioso: mulheres do mundo todo escrevem cartas de amor e as colocam no muro debaixo da sacada da "Casa da Giulietta" Julieta lhe pedindo conselhos amorosos, e que, mais incrível ainda, todas as cartas são respondidas há mais de 70 anos pelas “Secretarias de Julieta”. Sophie então resolve ajudar as secretarias a responderem algumas cartas, e descobre uma carta perdida num vão do muro com 50 anos de idade.

A carta é de Claire, uma moça de então 15 anos que deixa seu grande amor por medo da reação dos pais, e se diz arrependida, mas não sabe o que fazer. Sophie, comovida, resolve responder a carta, mesmo sem saber se a moça irá recebe-la, e alguns dias depois é surpreendida com a noticia de que a moça, agora com 65 anos, não só recebeu, como também voltou à Verona acompanhada de seu neto Charlie, para tentar reencontrar este amor de 50 anos atrás, inspirada pela carta de Sophie.



Apartir daí a historia se desenrola através da busca de Claire por seu “Romeu”, que na verdade se chama Lorenzo Bartolini (uma homenagem ao Frei Lourenço da historia original?) através da cidade de Siena, aonde ele morava no passado. E nem preciso falar que a fotografia do filme é de babar! Tanto as cenas das cidades quanto dos campos e fazendas da região da Toscana são simplesmente maravilhosas!

Um comentario à parte é o visual que Sophie usa no desfecho do filme. Cheio de simbolismo, ela usa um penteado totalmente "juliético", meio preso, com uma trança linda finalizando o penteado na parte de trás. E o vestido verde também é de inspiração medieval, com a cintura alta e o decote em "V" muito caracteristico dos seculos XIII e XIV, aonde o romance Romeu e Julieta se passa. Até nisso, o filme acerta em cheio, afinal, o que seria da cena da sacada sem uma Julieta, mesmo que estilizada, para fechar o fime em grande estilo?


Eu aproveitei pra folhear o livro na ultima vez em que estive numa livraria e com certeza é um desses que temos que comprar pra guardar. Todo ilustrado e com um acabamento impecavel, o livro não é um romance, mas uma espécie de album de recortes divertido que mostra diversas cartas deixadas debaixo da sacada da Julieta, algumas de gente famosa que visitou Verona e resolveu participar desse clima romantico que a cidade tem, mas a grande maioria é de anônimos apaixonados pedindo conselhos para a mais famosa enamorada do mundo. E é claro que aproveita pra contar um pouco da história por trás da história de Romeu e Julieta além de diversas curiosidades.



Uma das cartas mais engraçadas que consegui ler do pouco que vi do livro é essa de uma menina suiça, chamada Cari:

“Querida Julieta, moro no terceiro andar de um prédio. Meus pais não permitem que meu namorado venha à minha casa. Então vou ser obrigada a ajudá-lo a entrar escondido. Mas é muito difícil. Pode me dizer como Romeu a visitava? Explique-me qual a técnica usada por ele para subir até seu quarto!
Obrigada, beijos.”
Cari V., Lausanne, Suiça.

Eu ainda não li o livro, e mesmo sabendo que o enredo do filme é totalmente diferente do livro, já tenho certeza que vou amar pois realmente amei a ideia de falar sobre as cartas respondidas pelas Secretarias da Julieta. O filme, aliás, está pra estrear no Telecine, agora, no começo de julho, uma boa dica pra quem tem TV a cabo e não está afim de gastar com locadora.

Estátua da Julieta no pátio da Casa de Giulietta em Verona

No proximo post, falarei sobre as versões cinematograficas da mais tragica historia de amor que já existiu ;)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Namorando Romeu e Julieta


Em busca dos Olhos de Julieta
Quem nunca ouviu falar da mais trágica historia de amor que já existiu, a de Julieta e de seu Romeu? Acho que mesmo que se não conheça bem, todo mundo sabe da historia dos jovens apaixonados que morreram por amor!

Eu ando numa fase muito "Romeu e Julieta" nas últimas semanas. Tudo por causa do romance "Julieta" da Anne Fortier, que despertou novamente em mim todo esse fascinio que sempre tive por essa historia.

Tudo começou no dia dos namorados, quando meu marididinho super fofo me levou numa das minha mega bookstores favoritas pra escolher um livro de presente, e eu, como sempre, fiquei entre diversos das minha listinha dos que mais quero. Já estava escolhendo um deles quando dei de cara com o livro Julieta, com uma capa maravilhosa e um teaser que me fez ler toda a nota da autora no final do livro pra saber se eu realmente gostaria de ler, e foi paixão à primeira vista, ou seria melhor à primeira lida?



Mas para eu explicar o porque de ter amado tanto o livro, é preciso relembrar a lendaria história de Romeu e Julieta.

Romeu e Julieta

A historia é a seguinte: Duas famílias rivais, os Montequio e os Capuleto, vivem em guerra uma com a outra, e sempre rola um barraquinho básico quando se encontram. Romeu, o filho dos Montequio é tipo um playboy que vive aprontando pela bela Verona na compania de seus amigos e primos, e secretamente sofre pelo amor não correspondido de Rosalina, que quer virar freira. Romeu resolve entrar disfarçado na festa dos Capuletos justamente pra tentar se encontrar com Rosalina, mas acaba encontrando Julieta e os dois se apaixonam à primeira vista sem saber quem são.

Após o choque de saber que sua amada é da familia inimiga, Romeu então vai até a sacada de Julieta lhe jurar amor eterno, e sabendo que seu amor nunca seria aceito pelos seus pais, resolvem se casar em segredo. Mas... Sempre tem um mas pra atrapalhar, né?... Mas... Após o casamento, Romeu se encontra com Tebaldo, primo de Julieta, e mesmo fazendo de tudo, não consegue fugir da briga. O resultado é a morte de Mercutio, o melhor amigo de Romeu, que se põe entre os dois rapazes pra tentar evitar que Romeu seja ferido. Mercutio morre após rogar uma praga daquelas pras duas familias. Romeu fica cego de raiva e acaba matando Tebaldo, e por isso acaba exilado.

Como ninguém sabia do casamento secreto, os pais de Julieta resolvem que ela vai se casar com o belo e rico Páris, e não lhe dão alternativa a não ser se casar com ele, mesmo contra a sua vontade (naquela época mulhrer não opinava nada, nem mesmo quando o assunto era com quem ela deveria dormir pro resto da vida). Desesperada, Julieta procura o padre que os casou, o Frei Lourenço, e ele lhe dá uma poção que a fará dormir e parecer morta, para ela poder esperar pelo resgate de Romeu no mausoléu da família, assim os dois fugiriam juntos e poderiam viver felizes para sempre. Mas... Olha o mas aí de novo... Mas, Romeu não recebe a carta enviada por Frei Lourenço, e desesperado, ao saber da morte de Julieta, volta pra Verona, invade o mausoléu dos Capuletos e toma veneno diante do corpo de sua amada. Quando Julieta acorda, Romeu já está morto, então ela não vê outra alternativa a não ser se unir à ele na morte, e se apunhala com o próprio punhal de Romeu.

Essa é a versão que todos conhecem, a versão que foi imortalizada por Shakespeare, mas o que a maioria das pessoas nunca ouviu falar é que essa historia já havia sido contada por outros bardos por pelo menos 200 anos antes da versão shakespeareana, e é apartir dessas versões que a história do livro "Julieta" é construida, e pra melhorar ainda mais, o livro traz uma pesquisa histórica apurada, e não se apega aos clichês, como traduzir os nomes italianos, Romeo e Giulietta, para o inglês/portugues, Romeu e Julieta.

Romeo e Giulietta

Eu já tinha ouvido falar que a lenda havia sido baseada em uma historia real, acontecida um século ou mais antes de Shakespeare escrever a peça, sabia que existia a sacada de Julieta em Verona, aonde as pessoas vão visitar e tirar fotos até hoje, um dos mais importantes pontos turísticos da cidade. Mas não sabia que a lenda já havia sido contada antes e adaptada por Shakespeare.

A primeira dessas versões surpreendentemente não se passa em Verona, mas em Siena, lugar aonde o romance do livro Julieta é ambientado. E segundo o escritor dessa primeira versão, de 1476, Masuccio Salernitano, alegava que ela tinha sido baseada em fatos reais. Nessa primeira versão os protagonistas não se chamavam Romeu e Julieta, mas sim, Mariotto e Giannozza, e o enredo era ligeiramente diferente. Salernitano conta a historia de dois jovens que não eram de familias rivais, mas que se casam em segredo, e as coisas começam a dar errado quando Mariotto mata um ilustre cidadão da cidade e por isso precisa viver no exílio. Os pais de Giannozza, sem saber que ela se casou com Mariotto, exigem que ela se case com outro homem. Desesperada, ela toma um sonífero super mega blaster forte pra se fazer passar por morta e poder então fugir pra encontrar Mariotto. Mariotto, sabendo da morte dela, volta correndo pra Siena, aonde é preso e decaptado por seu crime, e Giannozza passa o resto da vida num convento. o.O

Algumas décadas depois, em 1530, Luigi Da Porto retoma a historia fazendo algumas modificações, a principal é a mudança de Siena pra Verona, e o nome dos protagonistas, que passam a ser Romeo e Giulietta, mas mudando os sobrenomes originais das prováveis famílias envolvidas na historia, para o que conhecemos hoje como os Montequio e os Capuleto. É nessa versão que surge o baile de mascaras aonde o casal se encontra pela primeira vez, e a famosa cena da sacada, além do duplo suicídio. Mas nessa versão, Giulietta não se mata com o punhal de seu amado, mas prendendo a respiração até a morte (então tá, né? o.O). Um outro escritor, chamado Matteo Bandello, em 1554, introduziu vários diálogos melodramáticos à versão de Da Porto, mas sem alterar a essencia da historia. Até então, todas as versões eram italianas, mas começaram a surgir outras versões contadas por estrangeiros, franceses e ingleses, até ser indiscutivelmente imortalizada em 1597 por William Shakespeare.


Giulietta Tolomei e Romeo Marescotti


Anne Fortier pega todas essas versões e monta a possível historia que teria dado inicio à lenda.
Na versão de Fortier, não seriam duas, mas três famílias envolvidas, os Capuleto na verdade seriam os Tolomei, e os Montequio seriam os Salimbeni, mas Romeo seria de uma terceira família chamada Marescotti. Essas três famílias existiam na idade media e eram realmente muito poderosas, e as rixas entre os Tolomeis e os Salimbenis também era real. Na Idade Media, Siena foi palco das mais sangrentas brigas entre clãs rivais.

Nesta versão, (atenção, se você não gosta de spoiler, sugiro pular os próximos parágrafos, e esperar o proximo post que vai falar de Cartas para Julieta) Romeo Marescotti salva Frei Lourenço (que esconde Giulietta Tolomei num caixão) de um assalto na estrada. Romeo escolta o padre até dentro da cidade de Siena, lenvando-os ao ateliê de Maestro Ambrogio (o famoso pintor gótico Ambrogio Lorenzetti) e ao abrir o caixão, vê a linda jovem morta. Mesmo acreditando que ela está morta, ele se apaixona por ela, toma um porre e volta pro ateliê pra choramingar a injustiça divina ao ceifar a vida de uma moça tão linda, e é então que ele descobre que ela está viva, e para vê-la entra no Palazzo Tolomei disfarçado, tal qual a maioria das versões. Os dois se apaixonam e decidem se casar, mas Giulietta é dada em casamento pra selar um acordo de paz com o poderoso patriarca da família Salimbeni, e apartir daí a historia não muda tanto assim da lenda: Romeo é exilado, mas volta pra resgatar sua amada, que achando que ele morreu se suicida, e ele acaba assassinado sobre o corpo dela.
No livro, o pintor Ambrogio Lorenzetti os imortaliza, simbolicamente, como personagens anonimos do afresco "O Bom Governo", aonde os jovens amantes, são separados após Romeo ser exilado.

A grande sacada do livro é que a protagonista contemporânea também se chama Giulietta Tolomei e é descendente da Giulietta que deu origem à lenda. Essa Giulietta vai à Siena resgatar uma herança lhe deixada por sua mãe, e durante a sua caça ao tesouro, vai descobrindo a historia verdadeira de Romeo e Giulietta do passado, além de constatar que Siena não mudou tanto assim desde a Idade Media, que as famílias rivais ainda são as mesmas, e que existe ainda, um Romeo Marescotti, também descendente do Romeo medieval, que ninguém sabe aonde está. E apesar de eu ter feito um resumo e revelado alguns elementos dos mistérios que compõem a trama, esses dois últimos parágrafos estão longe de revelar (e estragar) as supresas do livro.

Vale ressaltar que os principais personagens do Romeu e Julieta shakespeareano também estão presentes no Romeu e Giulietta de Anne Fortier, como o Frei Lourenço, o primo Teobaldo, e até mesmo Rosalina está na trama. Isso sem mencionar a própria cidade de Siena, acompanhada das citações de Shakespeare que já são personagens à parte.


O legal é que tudo indica que vai rolar um filme do livro. Os direitos já foram comprados, e se tudo seguir conforme o esperado, ano que vem, no maximo em 2013, teremos Julieta nos cinemas. Só espero que escolham atores que se encaixem nos perfis e descrições do livro, porque eu detestaria ver os protagonistas interpretados por atores que não tem nada a ver com os personagens!


O Bom Governo: afresco de Ambrogio Lorenzetti diversas citado no livro

Minha fanart inspirada na Giulietta de Maestro Ambrogio Lorenzetti

Mas só pra finalizar, pra quem gosta de romance, mistério, aventura... Julieta é um prato cheio!

Nos proximos posts vou falar de "Cartas para Julieta" e das versões cinematograficas que imortalizaram a obra de Shakespeare ;)